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domingo, 10 de março de 2019

O Circo dos Horrores



Já faz algum tempo que estamos observando o total descompasso do Governo Federal. E agora começa a se construir aos olhos do cidadão comum, a percepção de que a equipe ministerial não tem a mínima noção da responsabilidade que lhes foi conferida. Esta convicção se sedimenta em cima dos fatos que são gerados semana após semana, pelos ministros e demais interlocutores de Jair Bolsonaro no governo.
A ministra Damares Alves é um primeiro exemplo, deste claro despreparo. A começar por achar relevante discutir rosa para meninas e azul para meninos como o principal critério para as políticas de gênero. É também defensora do ensino à distância para crianças nas séries iniciais, propondo ainda substituir o professor pelo Pai, Mãe ou tutor legal no processo de aprendizagem e socialização realizado nas escolas de forma presencial. Todas as primeiras experiências de aprendizagem e as amizades que são construídas pelas crianças ainda muito pequenas e fundamentais para sua formação em todos os níveis, simplesmente deixariam de constituir importante legado na formação de seu caráter e personalidade. Desconsidera também a ministra, que hoje no sustento das famílias Pai e Mãe necessitam trabalhar, para poder aumentar a renda familiar, portanto não podem se dar luxo de abrir mão do emprego para ficar em tempo integral substituindo o professor e a escola na tarefa de educar seus filhos. E não bastasse tamanha insanidade, a ministra Damares continua a seguir uma lógica de raciocínio difícil de compreender. Em seu discurso na Comissão de Direitos Humanos na ONU em Genebra, no último dia 25, garantiu compromisso com “ os mais altos padrões dos direitos humanos”. Garantindo inclusive lutar pelos direitos das mulheres, sobre o assassinato brutal da vereadora Mariele Franco (PSOL) nenhuma palavra, um silêncio absoluto. A ministra parece ter memória seletiva, pois prefere falar da Venezuela e seu Governo, o que aliás não deveria ser uma preocupação, e sim preocupar-se em elaborar que efetivamente garantam os direitos humanos para todos em nosso País, além de um duro enfrentamento para o combate do   feminicidio produzido pelo machismo que está impregnado no nosso dia a dia.
Outro lamentável episódio é o vexame protagonizado por Ricardo Velez Rodrigues, atual ministro da educação, ao enviar carta para as escolas solicitando que os alunos fossem filmados cantando o hino nacional e ao final repetissem o slogan de campanha de Jair Bolsonaro. Tais solicitações são descabidas e ferem a autonomia das escolas, que lhes é garantida pelo artigo 37 da constituição federal. Tal conduta gerou uma reprimenda pública de Jair Bolsonaro ao ministro. Ricardo Velez Rodrigues veio a público, visivelmente constrangido, e pediu desculpas, retirando a proposição que havia feito da pauta do MEC. É o mesmo ministro que a alguns dias atrás em entrevista para a Revista Veja afirmou que “ o brasileiro é um canibal e rouba coisas quando viaja”. Esta declaração fez com que a Ministra do STF Rosa Weber interpelasse Ricardo Velez Rodrigues a dar explicações, pois poderia o mesmo ter que responder por crimes de calúnia e difamação. Este é o perfil do colombiano, naturalizado brasileiro, que atualmente comanda o ministério da educação.
E para finalizar este lamentável conjunto de eventos desastrosos e deploráveis, temos o episódio da morte do neto de 7 anos, do ex presidente Lula, e as manifestações hediondas Brasil a fora, capitaneadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que condena a liberação da justiça para que Lula pudesse acompanhar o funeral de seu neto. É impensável admitir tal comportamento. É repulsivo e abjeto tal comportamento, em alguém que possui a responsabilidade de representação parlamentar, era de se esperar um mínimo de decência e dignidade. Virtudes que claramente Eduardo Bolsonaro não tem, aliás está apenas seguindo o comportamento de seus irmãos, nada surpreendente, só que nesse caso descendo ao nível mais baixo do comportamento humano. A conclusão é evidente: O Governo Bolsonaro perdeu muito da credibilidade nele depositada, em curtíssimo espaço de tempo, haja visto que até o presente momento não deu nenhum sinal de que pode ser capaz de retomar o caminho do progresso, algo prometido repetidas vezes durante a campanha eleitoral. Desejamos urgentemente ver o fim desse verdadeiro Circo de Horrores que nos tem sido apresentado, contra nossa própria vontade, o mais breve possível. É Hora de descer do palanque e começar a trabalhar.  

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